sábado, 29 de janeiro de 2011

Maria Antonieta perdeu a cabeça!




Sempre digo que, às vezes, a ignorância é uma bênção. Sim, porque existem algumas delícias na vida que não valem a sabedoria da quantidade gigante de calorias que entram no corpitcho a dentro... Brioche é uma delas. Aquele pão fofinho, amanteigado... Divino! Mas no caso do brioche, temos uma desculpa. Brioche é assunto seríssimo. Brioche é fato histórico! É um ícone da queda da Bastilha! Tanto que o meu primeiro contato com a revolução francesa foi numa revistinha da Turma da Mônica, onde a Magali tinha um sonho em que era Maria Antonieta e proferia a frase célebre: "Se não têm pão, que comam brioches" à turba esfomeada que invadira o palácio de Versailles. Ninguém sabe ao certo se Maria Antonieta falou tal pérola, mas se falou, penso que a rainha perdera a cabeça muito antes de ser guilhotinada. Eu ia querer os brioches só pra mim!!!!!!
Esses travesseirinhos amanteigados, que datam de antes do século XV, também têm controvérsias quanto à sua origem. Alexandre Dumas e sua grande imaginação mosqueteira dizia que o nome brioche se devia ao fato da massa ser inicialmente sovada com queijo da região de Brie. Hoje se sabe que essas delícias foram criadas na Normandia. Essa região ao norte da França, voltada para a Inglaterra, onde fica o belíssimo Mont Saint-Michel é a principal produtora de laticínios do país. E dali, daqueles pastos verdejantes e de suas vaquinhas felizes saem as melhores manteigas, os melhores cremes de leite e frutas deliciosas, além do Camembert- e tudo isso regado a muito Calvados (um destilado de maçã semelhante ao Conhaque). Rouen, sua capital, fica a uma hora de trem de Paris, e será meu destino da próxima vez que for à França.
Então, nada mais justo do que começar minha história na panificação pelos brioches!
Fazer pão em casa é muito divertido. Meu avô paterno era um exímio padeiro. Morava no interior de Minas e sempre que eu chegava para uma temporada de férias sentia aquele aroma incrível de pães, bolos e biscoitos recém assados. Ele então pegava um punhado de erva cidreira da sua hortinha, fazia um chá maravilhoso e eu escolhia a geléia que queria entre as várias que ele fazia (ele também tinha morangos no quintal, e eu achava o máximo: quantos avôs tinham morangos no quintal?????). Bons tempos aqueles... E apesar desse modelo, nunca tinha feito pão antes. E realmente, sentir o cheiro do pão fermentando, botar a mão na massa (literalmente!) , ver a massa crescendo... É muito, muito bacana. O pão é uma alimento tão básico, mas ao mesmo tempo tão fundamental na nossa cultura que o sentimento de realização ao fazer um pão... Dá orgulho! É quase mágico.
E me fez sentir como criança de novo...
Brioche
500g farinha de trigo
50g açúcar cristal ou demerara
15g fermento fresco (de tabletinho) dissolvido em 50ml leite morno (não pode ser quente!!!)
10g de sal marinho ou flor de sal
350g ovos (cerca de 6 ovos grandes)
250g manteiga sem sal cortada em cubos
1 ovo batido com 1 pitada de sal e 2 col sopa leite para pincelar o pão antes de assar.

*Sua vida será muito mais fácil se vc tiver uma batedeira dessas de pé que possuem um gancho para bater massa de pão, mas vc pode fazer tudo à mão também.
Na velocidade média da batedeira, misture a farinha, o sal, o açúcar e os ovos até ficar tudo incorporado. Adicione o fermento dissolvido. Deixe batendo por cerca de 20 minutos, ainda na velocidade média. A massa ficará lisa e brilhante, mas não deve formar uma bola.
* Se estiver fazendo à mão, misture os ingredientes com uma espátula ou com um scrapper (um raspador muito utilizado na confeitaria e panificação) numa tigela. Quando a massa começar a tomar uma forma, despeje sobre a superfície de trabalho não enfarinhada. Comece a trabalhar a massa- num movimento de estica e puxa, levantando doda a massa da superfície, depois colocando de volta, dobrando, esticando... Inicilmente a massa parecerá muito "colante", mas depois começará a se desgrudar facilmente dos dedos e da superfície de trabalho.
Assista um video da técnica de se fazer brioche à mão (está em francês e a receita é um pouco diferente, mas o importante é ver a técnica, as consistências) (parte 1, 2, 3)
Junte os pedaços de manteiga aos poucos e bata (ou trabalhe) a massa até que toda a manteiga esteja incorporada.
Transfira a massa para uma tigela enfarinhada, cubra com pano e deixe a massa descansar à T ambiente até dobrar de volume (cerca de 2 horas).
Retire da tigela e sove levemente, dando socos na massa e abrindo-a com os dedos e depois fechando a massa em 4 (juntando as bordas)- faça isso umas 5x. Devolva para a tigela, cubra com filme plastico e pano e leve à geladeira por 12h (é melhor fazer isso de um dia para o outro!)
No dia seguinte, retire a massa da geladeira e deixe à T ambiente por 1 hora. Molde os brioches- faça 16 bolinhas e arrume 8 bolas em cada forma de pão untada com manteiga. Cubra e deixe descansar até dobrar de volume (cerca de 2 horas). Pincele com o ovo batido e leve ao forno médio por cerca de 40 min (até a superfície estar bem dourada).
*Atenção: o brioche cresce bastante, então não deixe grade do forno em cima da forma, ou isso fará com que a parte de cima do brioche grude e seja "decapitada" na hora de retirar o pão.
*rende 2 brioches grandes


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cupcake Fever!

Como tuda na vida, no mundo culinário também existem os modismos. Quem não se lembra do tomate seco? Ele apareceu há uns anos atrás e invadiu absolutamente todos os pratos e todos os restaurantes... Afff! Hoje eu não consigo nem olhar praquelas bexiguinhas murchas e vermelhas!
Houve um dia que fiquei até tentanda em re-experimentar a tal "iguaria": estava em Mendoza num restaurante ma-ra-vi-lho-so, o 1884, que tem um jardim lindo, com mesinhas sob as amexeiras- um sonho! Pois bem. Num cantinho do jardim uma das cozinheiras colocava os tomates para secar ao sol, regado com um azeite lindo lindo e várias ervinhas... Devia ser outro papo degustar os tais tomates feitos assim por um método tão artesanal. Mas meu córtex cerebral já estava danificado e traumatizado para sempre- tomate seco nunca mais!
Dos modismos mais recentes, destaco os assim chamados brigadeiros "gourmet". Começou tímido, com a Maria Brigadeiro e suas marmitinhas fofas com bolinhas e de repente pipocou brigadeiro em tudo quanto é canto. Quem não gosta de brigadeiro? Uma bolota doce de chocolate que é quase uma pílula da felicidade! Deprimiu? Tá feliz? Tá chovendo? A resposta é sempre brigadeiro! Agora, devo confessar que os brigadeiros de Juliana Motter são realmente especiais. Não são muito doces, o chocolate utilizado é de altíssima qualidade, e as embalagens são simplesmente lindas!!! O de chocolate com vinho do porto é simplesmente divino. E o de pêra? Afff! De comer de joelhos! Quem mora em São Paulo precisa conhecer o atelier da Maria Brigadeiro que fica na rua Capote Valente. Além de ser lindo, vc pode ficar ali degustando os sabores do dia enquanto vê a produção ao fundo. Vale a visita!
E agora é a vez dos cupcakes. Esses mini bolinhos individuais, sempre com alguma cobertura estão virando mania nacional. O curioso é que nos EUA já existem há décadas e sempre fizeram parte das vitrines das bakeries. Mas até lá parece que está havendo um movimento de resgate ao cupcake ultimamente. Em novembro fui aos EUA visitar a família e passar o Thanksgiving. Minha família mora em Maryland, a 30 min de Washington. E é bem ali, no neighborhood mais charmoso da área de DC que está a nova tiete do mundo cupcakeano. A Georgetown Cupcake é mesmo uma febre! Bem no coração do bairro de estilo inglês, fica uma portinha que simplesmente está SEMPRE abarrotada de gente e com filas! Faz tanto sucesso que a rede de TV TLC fez uma série- que vai para a segunda temporada (!) sobre a loja, a história das irmãs que abandonaram tudo pelo sonho de abrir uma bakery fofa e as encomendas loucas que recebem. É c-l-a-r-o que eu não podia estar ali e não provar o tal bolinho. Afinal, valia mesmo a pena ou era só marketing? A primeira vez não consegui entrar! Mesmo apelando pro "tô grávida", o sangue yankee não parece se compadecer desses detalhes. Mas insisti, e numa segunda tentativa, lá estava eu. A loja é bonitinha, mas nada demais. Agora o bolinho é realmente muito bom. A massa é mais leve e as coberturas não são tão pesadas, nem doces demais nem feitas só de buttercream. Elas usam chocolate Valrhona e isso faz toda a diferença. A pra minha sorte, na época do Thanksgiving, os sabores especiais eram ótimos: apple caramel e pumpkin spicy. Provei 6 (!) sabores e todos aprovados. Resultado: voltei com um livro da Martha Stewart, a rainha do lar, na bagagem, junto com forminhas e apetrechos na mala.
Aqui em Sampa, de todos os que comi, os melhores são os da Wondercakes. Eles abriram recentemente uma loja aqui no meu "jardim", o shopping higienópolis, que é simplesmente linda! Quando vc entra, tem vontade de experimentar todos! Já degustei vários sabores, mas os meus preferidos até agora são os de pistache e o de chocolate amargo com limão- maravilhoso!
Então, para comemorar o meu blog e seus mais de 500 acessos, bem como o aniversário da minha amiga Juju, aí vai meu cupcake gourmet!
Cupcake de Tiramisú
Massa
1 1/4 farinha trigo
3/4 col chá fermento em pó
1/2 col chá flor de sal
1/4 xic leite integral
1 fava de baunilha ou 2 col chá extrato de baunilha
3 ovos inteiros + 3 gemas (temperatura ambiente)
Coloque numa panela o leite e a baunilha (se estiver usando a fava, corte-a ao meio, raspe as sementes e coloque tudo junto do leite). Quando começar a formar bolhinhas apague o fogo e deixe infundir por 15 min.
Junte a farinha, o fermento e o sal numa tigela. Reserve.
Bata os ovos com o açúcar. Quando tudo estiver bem misturado, coloque a tigela em banho maria e bata com a mão (com ou batedor/fouet) até a mistura ficar esbranquiçada,espessa e morna (cerca de 6 min- cuidado para não cozinhar os ovos! A água do banho maria não deve encostar o fundo da tigela, e tem que estar em fogo baixo!). Retire do fogo e com a batedeira, bata na velocidade alta até a mistura ficar fofa e espessa o bastante para formar uma "fita" quando se levantar a pá. Acrescente então a mistura de farinha com uma espátula, aos poucos, bem delicadamente- essa massa é realmente muito delicada! Coloque cerca de 1 xícara da mistura no leite (se usar a baunilha inteira, coe antes) e depois acrescente o leite na massa- mexendo sempre delicadamente. Distribua a massa nas forminhas de papel (eu gosto de colocar as forminahs de papel dentro de forminhas de muffins para garantir que os bolinhos não deformem!) e leve ao forno médio pré-aquecido cerca de 30 min, até a superfície estar dourada (vire a assadeira no meio do cozimento para que a distribuição de calor seja igual). Retire do forno e deixe esfriar.
Calda
3 doses de café expresso ou 1/3 xic café forte
2 col sopa Marsala ou rum
1/4 xic açúcar
Misture tudo e deixe chegar à T ambiente. Regue os cupcakes já frios (se vc tiver um conta gotas ou um squeezer- aqueles frascos de ketchup, ajuda a concentrar o líquido no meio do bolinho)- cerca de 1 col chá cada um. Deixe encharcar por uns 30 min.
Cobertura
1/2 xic creme de leite fresco
400g mascarpone
1/2 xic açúcar confeiteiro
Misture o mascarpone com o açúcar. Bata o creme de leite em ponto de chantilly (para obter melhores resultados as espátulas da batedeira e sua tigela devem estar bem frias- eu coloco no freezer uns 20 min antes). Misture os 2 cremes e leve ao freezer por cerca de 1 hora- até começar a ficar duro. Cubra os cupcakes com o creme de mascarpone e polvilhe chocolate em pó.
* rende 20 cupcakes
Agora é só comer!!!!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Segredos do risotto perfeito

A princípio pode parecer apenas um prato de arroz. Mas risotto é muito mais que isso. É um prato que conforta o estômago e a alma. É um prato versátil. É um prato fácil. É um prato perfeito para se cozinhar para amigos.

O primeiro livro "sério" que comprei sobre culinária era de risottos. Isso faz uns 12-13 anos. Na época, o risotto estava na "moda" aqui no Brasil, e o livro, Il riso in tasca, era de um dos chefs mais famosos da época, Luciano Boseggia, do grupo Fasano. Comecei a fazer umas receitas básicas, e logo risotto virou uma especialidade minha, e quase sempre nas reuniões de família tinha um risotto da Mariana. Mas naquela época, eu ainda não entendia muito o que eu estava fazendo- copiava uma receita com algumas leves adaptações. E isso, minha gente, não é saber fazer risoto. O grande barato do risotto é que ele é como uma tela em branco- vc pode dar asas à sua imaginação como quiser. Você pode fazer um risoto simples-só com queijo, com vegetais, frutos do mar, carnes, embutidos, o que lhe vier à cabeça- mesmo. Mas pra isso, precisa entender porque risotto é risotto e respeitar algumas regras básicas.
Pra começo de conversa, risotto só é risotto se utilizado o arroz correto. Sobra de arroz com creme de leite não é risotto, pelamordedeus!!!!! Isso porque o arroz para risotto, ao contrário do arroz comum, possui dois tipos de amido: um externo, mais delicado e mole, chamado amilopectina, que incha e vai se dissolvendo no processo de cozimento, se incorporando ao caldo e dando a consistência cremosa típica do prato. O amido presente no interior do grão, chamado amilose, é mais resistente e não se degrada facilmente, e é o que dá a consistência al dente do risotto. Existem vários tipos de arroz para risotto, a diferença é a proporção entre esses amidos, o que dá uma diferença no resultado final. Os mais comuns são:
Arborio: é o mais fácil de se encontrar aqui no Brasil. Seu grão contém uma quantidade maior de amilopectina, o que pode resultar num risotto muito "preguento".
Carnaroli: para os chefs italianos, é o tipo mais indicado para se fazer risotto. Aqui a proporção entre os dois amidos é muito bem balanceda, e o resultado será um arroz cremoso e al dente.
Vialo nano: mais difícil de se achar por aqui, apresenta um grão bem menor e mais redondo que os outros. Por possuir menos amilopectina, conserva melhor sua forma ao longo do cozimento, e é o mais indicado para receitas com ingredientes mais robustos, como carnes.

Para o risotto perfeito, é necessário seguir alguns passos fundamentais, que será igual para TODOS os risottos que vc fizer:
1- Soffritto : consiste em saltear um aromático no início do processo. Na grande maioria das vezes isso será feito com cebola muito bem picada em manteiga. Esse cozimento deve ser um fogo médio baixo para não queimar a cebola, que deve ficar transparente e cremosa. Quando fizer um risotto com um ingrediente de "personalidade" forte, como funghi, linguiças, extrato de tomate etc, vc pode colocá-lo já nesse estágio. Mas lembre-se: qualquer ingrediente que vc puser nessa fase, deve suportar um cozimento de 20 min sem perder forma ou sabor!
2- Tostatura : consiste em adicionar o arroz seco (arroz de risotto NÃO se lava!) ao soffritto de modo à cobrí-lo com a manteiga e aquecê-lo, para que cozinhe uniformemente.
3- Adição de vinho: geralmente vinho branco seco, mas pode ser outras bebidas. O importante é deixar o vinho praticamente secar antes do próximo passo, caso contrário deixará um resíduo ácido e amargo ao risotto.
4- Adição do caldo: o caldo deve ser incorporado aos poucos, de preferência uma concha de cada vez, para os grãos incorporarem o líquido uniformemente. Quanto melhor a qualidade do caldo, melhor será o sabor do risotto, pois o caldo sempre será o gosto de base do prato. O ideal, é fazer o próprio caldo (vegetal, peixe, frutos do mar,frango, carne , vitela... - mas se for escolher um pra fazer e deixar sempre congelado, aconselho o de frango, que é mais neutro e pode ser utilizado em qualquer preparação), mas quando isso não é possível, aconselho esse caldo novo em potinho da Knorr, com consistência gelatinosa ou a linha Chef da Nestlé (nos EUA existem os caldos prontos em embalagem tetrapack- nesse caso escolha um low sodium). Nessa fase, deve-se adicionar o caldo, mexer suavemente (para não quebrar o grão) e esperar quase secar até adicionar a próxima concha. A guarnição do risotto será adicionada em algum momento dessa fase, sendo os alimentos mais resistentes como as carnes, adicionadas mais no início do processo e os alimentos mais delicados como vegetais e frutos do mar adicionados quase no último minuto.
5- Mantecatura: quando o arroz estiver pronto (al dente e cremoso- o ponto perfeito é chamado all´onda- quando mexer a panela ou o prato devemos observar um movimento como uma onda na superfície), apague o fogo e deixe o risotto descansar por 1 minuto. Então incorpore manteiga GELADA e parmesão ralado (ou grana padano- a qualidade do queijo também influencia muito no sabor!). Mexa vigorosamente até o prato estar emulsionado e o creme brilhante. Sirva IMEDIATAMENTE.
O bom é que, do momento que começamos a adicionar o caldo até o risotto ficar pronto gastamos cerca de 20 minutos- por isso eu considero risotto o prato perfeito pra fazer pros amigos ,assim de supresa!

Esse fim de semana estava muito calor aqui em São Paulo, e resolvi fazer um risotto de verão. Uma receita que meu marido adora, e o primeiro prato que fiz quando recebemos amigos em casa como casal.

Risotto de vieiras com manga
200g arroz carnaroli (geralmente se calcula de 80-100g arroz/pessoa)
2 1/2 col sopa manteiga sem sal
1/4 cebola finamente picada
75+25ml vinho branco seco
1L caldo frango ou vegetais (deixar numa panela em fogo baixo)
12 vieiras médias
1 manga média cortada em cubinhos
sal e pimenta do reino
1/2 xic grana padano ralado na hora

Derreta 1/2 col sopa de manteiga numa panela de fundo grosso. Acrescente a cebola picada em fogo baixo. Cozinhe até a cebola ficar cremosa e transparente (uns 5 minutos- não deixe a cebola dourar!). Acrescente o arroz e aumente o fogo para médio. Mexa até que todos os grãos estejam envolvidos pela manteiga (uns 2min). Acrescente 75ml vinho branco e mexa até o vinho secar. Vá acrescentando 1 concha de caldo por vez- espere o arroz absorver o líquido para acrescentar a próxima concha. Nesse meio tempo tempere as vieiras com sal e pimenta. Aqueça uma frigideira média e frite as vieiras em 1/2 col sopa de manteiga até ficarem douradas dos 2 lados. Retire as vieiras da frigideira e acrescente o restante do vinho à panela- deixe o vinho praticamente secar. Apague o fogo e devolva as vieiras à frigideira. Quando o arroz estiver começando a ficar al dente adicione a manga. Quando estiver pronto, apague o fogo e junte as vieiras com o caldo da frigideira. Deixe descansar 1 minuto e adicione 1 1/2 col sopa de manteiga GELADA e o queijo ao arroz. Bata bem até que a manteiga esteja completamente incorporada. Sirva imediatamente.
*rende 2 porções



domingo, 23 de janeiro de 2011

Top 5 utensílios culiários: o essencial

Adoro utensílios culinários. Não existe uma viagem que eu faça para o exterior que não descubra algo "indispensável" para a minha cozinha... São tantos apetrechos que tive que comprar 3 estantes desmontáveis para guardar tudo no quartinho de empregada!
Claro, ninguém precisa de uma máquina de cozinhar a baixa temperatura, ou um defumador, ou ainda uma panela específica pra fazer zabaione, mas acredite: ter o equipamento certo fará TODA a diferença na hora de cozinhar, pois deixará seu trabalho mais fácil.
Nesse primeiro post vou falar dos utensílios que considero indispensáveis, que uso praticamente sempre que vou cozinhar.
Facas
Facas são os utensílios mais importantes pra se cozinhar. Uma boa faca, afiada, confortável de se usar faz o serviço de cortar qualquer coisa mais fácil, rápido e seguro. Existem muitos tipos de facas diferentes. Eu sou louca por elas! Quando entro em uma loja de utensílios nos EUA fico louca, quero comprar todas... Mas mesmo lá as boas facas são caras (pelo menos uns US$100). Mas calma! Vc não precisa ter uma parafernália de lâminas! Duas facas são as mais importantes e fazem 90% do serviço: uma faca de vegetais, com uma lâmina curta (pra fazer o trabalho mais delicado) e uma faca de chef (essa é bombril: mil e uma utilidades). Não vale a pena comprar facas importadas aqui no Brasil porque o preço é ridiculamente caro. As facas da tramontina ou da spicy são bem decentes e mais do que o suficiente para começar. Se vc for viajar, gosto muito da Global e da Shun.
Além das facas compre uma chaira, que serve para manter o ângulo da faca certo- use no mínimo 1x/semana. E mantenha sempre as facas afiadas- vc pode comprar um amolador de pedra ou tercerizar o serviço.
Panelas
Ao lado das facas, as panelas são os utensílios mais utilizados na cozinha. Também tenho um xodó pelas minhas. Nesse caso, acho legal investir em panelas legais, de diferentes materiais, pois o resultado final do prato vai depender do método de cocção. O que acho importante é comprar panelas de fundo mais grosso- isso fará com que o calor se distribua melhor pela panela e cozinhe o alimento por igual.
Acho legal ter pelo menos uma dos seguintes tipos:
- frigideira anti-aderente: é onde vc vai fazer a maioria dos pratos rápidos: seja saltear (fritar em pouca gordura) carnes, peixes e afins, além de vegetais- eu aconselho a ter uma pequena e uma grande.
- frigideira de aço inoxidável: pra fazer pratos com molho - aqui alguns pedacinhos do alimento, seja carne ou vegetal, grudam no fundo da panela e caramelizam (queimam) mais. Quando se adiciona o líquido (vinho, caldo), esses pedacinhos desgrudam e se incorporam ao molho, dando uma maior complexidade. Eu tenho de vários tamanhos, mas acho suficiente ter uma média pra quem está começando. É importante só usar quando for adicionar líquido, se não vai grudar tudo e dar o maior trabalho pra limpar!
- panela de ferro fundido: muito útil para se fazer assados com molhos, sopas ou qualquer prato de cozimento longo. As melhores são Le Creuset e Staub, mas aqui são caríssimas- uma marca que eu achei bem legal e menos cara é a Mario Batalli, que vende na Spicy. Existem umas nacionais mas achei a qualidade um pouco ruim.
- panela grande- pra cozinhar massa, e fazer qualquer prato em tamanho família!
- se vc gosta de cozinha asiática, recomendo uma wok- compre na liberdade que tem umas ótimas e não são caras.

Miscelânia básica
Alguns utensílios que não podem faltar:
-tábuas: madeira ou PVC- tanto faz!
-colheres de pau de vários tamanhos - recomendo separar as de doces das salgadas, pois pegam cheiro facilmente
-espátulas
-pincel
-descascador de legumes
-pegador: para virar carnes e vegetais
Instrumentos de medição
Fundamentais para confeitaria, que é uma culinária de precisão! Colheres medidoras, balança e medidores padrão de líquido e secos em xícaras (sim, porque a sua xícara pode ter de 150 a 300 ml!!!)
Pilão
Eu considero o pilão um instrumento fundamental na cozinha. Quando se começa a cozinhar a sério vc percebe um enorme diferença entre comprar temperos prontos e fazer o seu prório. Sempre compro minhas especiarias inteiras e trituro no pilão na hora- isso faz com que o aroma esteja sempre freco e o melhor possível, fora que as especiarias inteiras duram infinitamente mais (as já moídas perdem seu aroma rapidamente). Também muito útil para se fazer pesto, triturar nozes e fundamental na cozinha asiática. O melhor é sem dúvida o de pedra- é necessário que a parte interna do pilão seja levemente áspera para criar uma superfície abrasiva e triturar melhor os ingredientes. Além disso, os de madeira não são pesados os suficientes para triturar finamente os alimentos. O meu comprei em NY e é importado da Tailândia. Aqui, o do Jamie Oliver não é muito caro e tem todas as características necessárias.
Boas compras!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Hortelã é coisa séria!

Esses dias estava almoçando com meu marido e pedimos de sobremesa um creme de papaia que vinha com um belo raminho de hortelã decorativo. Quando G resolveu comer a folhinha pareceu por uns instantes maravilhado por redescobrir o frescor da plantinha... E realmente, hortelã é a cara do verão. Então pensei em fazer umas receitas que incorporassem a hortelã em pratos salgados. Sim, porque nem só de suco de abacaxi vive a hortelã!
Além de tudo, a hortelã tem uma história muito bacana... O nome, menta, deriva do grego Minthe. Minthe era uma ninfa por quem Hades se apaixonou. Perséfone, esposa de Hades, ficou furiosa e transformou Minthe numa plantinha rasteira para que todos a pisassem (esses Deuses não aprendiam que suas mulheres s-e-m-p-r-e tinham ataques de fúria????). Hades então resolveu perfumar a plantinha para que sempre que passassem por ela pudessem sentir sua presença... Olha que romântico! Pisada, mas cheirosa! Também da mitologia grega temos a história de dois viajantes que visitaram uma vila onde ninguém os oferecia o que beber ou comer. Até que um simpático casal os convida para sua humilde casa e os oferece uma refeição. Para limpar a mesa e tornar o ambiente mais agradável, esfregam hortelã na mesa. Eis que o viajantes revelam que são na verdade Zeus e Hermes disfarçados e transformam a casinha humilde num templo. E a hortelã se transforma no símbolo da hospitalidade. Até hoje, no oriente médio os convidados são recebidos com chá de hortelã.
A hortelã vai bem com muitos tipos de alimentos. É por exemplo acompanhamento clássico de carneiro e um dos ingredientes do tabule. Quer um exemplo de receita ridiculamente fácil ? Corte uma abobrinha o mais fina que conseguir e regue com um pouco de azeite e sal- deixe escorrendo numa peneira uns 15min para retirar o excesso de líquido. Acrescente folhas de hortelã inteiras ou rasgadas com a mão, regue com um pouco mais de azeite e salpique pimenta do reino. Voilà! Simples e deliciosa.
Resolvi fazer minha homenagem à hortelã em duas receitas: uma salada e incorporada num purê.


Lula recheada com cous-cous marroquino e salada de feijão com hortelã
4 lulas
Sal, pimenta do reino, azeite
suco de ½ limão
50 ml vinho branco
½ colher sopa manteiga gelada
50g cous-cous marroquino
75ml caldo legumes
1 xic feijão- eu usei o Flageolet vert, que é um feijão francês mais parecido com a fava, bem diferente, mas se vcs não encontrarem podem usar feijão branco ou Borlotti (aquele bege com pintas e estrias vermelho amarronzados) – amigos de Sampa: melhor lugar pra comprar: Santa Luzia; amigos dos EUA: Whole Foods ou Dean & Deluca
1 dente de alho, 1 folha de louro
1 col sopa mostarda- eu usei uma mostarda super diferente, que é a maille de coco e especiarias, que dá uma cremosidade bem legal no feijão, mas pode ser qualquer mostarda de boa qualidade
½ col sopa aceto balsâmico
½ maço de hortelã

Deixe o feijão de molho em 3 xic de água fria por pelo menos 5 horas, ou na noite anterior. O feijão vai inchar. Escorra e coloque numa panela com 1 folha de louro e 1 dente de alho. Cubra com água e leve ao fogo alto. Depois de ferver abaixe o fogo para médio e deixe cozinhar por cerca de 1 hora- se necessário, acrescente mais água (o feijão deve estar macio mas não pode estar se desmanchando). Escorra e resfrie. Tempere com azeite (umas 2-3 col sopa), balsâmico, um pouco de sal, pimenta do reino e a mostarda . Incorpore as folhas de hortelã (picadas com a mão mesmo) só na hora de servir.
Aqueça o caldo de legumes. Coloque o cous cous numa tigela, regue com um pouco de azeite e cubra com o caldo quente por uns 5-10 min – até que tenha absorvido todo o caldo. Com um garfo solte os grãos. Reserve.
Se você não comprou a lula limpa, separe a cabeça da lula, remova o conteúdo do interior e lave para retirar o excesso. Destaque com as mãos uma das nadadeiras- isso fará com que a pele roxa se solte facilmente. Retire toda a pele. Tempere com sal, pimenta e o suco de limão. Recheie com o cous-cous e feche as lulas com um palito.
Aqueça um fio de azeite numa frigideira antiaderente. Coloque as lulas e deixe dourar por uns 2 min de um lado, vire e deixe mais 1min do outro lado (se deixar muito tempo no fogo as lulas ficarão borrachudas) Acrescente o vinho e deixe quase secar. Acrescente a manteiga. Sirva a lula com a salada de feijão.
*rende 2 porções





Escalope de vitela ao molho marsala com purê de batata doce e hortelã
4 escalopes de vitela pequenos (se preferir pode usar frango ou filé mignon de porco)
2 ramos de sálvia fresca
1 dente alho
2 col sopa manteiga
70 ml vinho marsala (pode ser porto ou vinho branco)
250 ml caldo carne
Sal, pimenta, azeite
4 batatas doce médias
50 ml leite
1 ½ col sopa queijo ralado (de preferência ralado na hora)
½ maço hortelã

Cozinhe a batata doce em água sem sal até que fique mole. Descasque e passe por um espremedor de batatas. Coloque numa panela com o leite e o queijo. Mexa até ficar liso (se estiver grosso, acrescente mais leite quente). Acrescente 1 col sopa manteiga gelada. Ajuste com sal e pimenta do reino. Na hora de servir pique a hortelã e acrescente ao purê.
Tempere a vitela com sal e pimenta. Aqueça uma frigideira e coloque um fio de azeite e ½ col sopa de manteiga. Frite os escalopes até dourarem de um lado. Vire, acrescente o restante da manteiga (1/2 col sopa), a sálvia e o dente de alho inteiro, sem descascar. Quando o outro lado estiver dourado acrescente o marsala e flambe (incline a frigideira com cuidado até a chama do fogão atingir o vinho). Quando a chama cessar, acrescente o caldo. Deixe reduzir e sirva os escalopes com o purê.

Bon appétit!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

teobromina na cabeça!

Vocês já pararam pra pensar o quanto nós mulheres somos influenciadas pelos hormônios? Tirando a infância, quando temos um fluxo contínuo de felicidade e estabilidade hormonal, OU estaremos de TPM, OU grávidas OU na menopausa! ...Credo!
Essa semana duas amigas me pediram uma receita anti-hormônio-pró-felicidade: uma de TPM, outra grávida. E realmente não existe nada que proporcione uma maior sensação de bem estar nessas horas que uma boa dose de chocolate (mesmo que depois a culpa invada cada milímetro do nosso ser...). O chocolate, minha gente, é o melhor amigo da mulher: te acalma quando você está nervosa, te dá energia quando você está sem pique, é um ótimo companheiro tanto para quando você está na fossa quanto quando você está apaixonada... Perfeito! E pra mim, não existe nada melhor pra viver esse "momento chocolate" que sentar na frente da televisão, vendo uma das minhas séries favoritas com um monte de biscoito de chocolate e um copo de leite bem gelado.
Essa minha relação com biscoitos de chocolate começou quando eu era pequena com o melhor biscoito da minha memória: o biscoito São Luiz...! Eu não sei se a receita mudou ou se foi o meu paladar, mas depois que virou Bono, não é mais a mesma coisa... Eu pegava aquele pacote, separava as bolachas, comia primeiro o creminho e depois aquela bolachinha crocante... hmmmmm... Que felicidade! Meu acompanhamento tradicional era um copo de leite ninho bem papa mesmo- imagine a bomba calórica! Mas depois diversifiquei para comer com requeijão (!) ou triturado e misturado no Chantibon (que era tipo um chantilly que devia ser gordura hidrogenada pura, mas era T-U-D-O!!!!). Quando minha mãe começou a fazer doces, fiquei viciada em cookies- eu devia botar o maior olho gordo naquelas fornadas, porque sempre tinha algum meio tortinho e eu falava pra ela: "esse aí tá troncho, né? Não dá pra vender!!" e mandava ver. Quando terminei o colégio passei minhas férias nos EUA na casa dos meus tios num mega frio com uma amiga (a grávida do pedido)- e voltamos duas bolotas- entre outras coisas (tipo parávamos de contar as calorias do café da manhã quando chegava a mil!!!!!) íamos quase todos os dias na Mrs. Fields comer cookies ou tomar milkshake de Oreo no Ben & Jerry´s!
Meu último vício foi a Nutella. Bom, eu tenho certeza que existe algum psicotrópico naquele potinho, porque Nutella dá barato! Teve uma época que eu era tão viciada que quando fui prestar prova de título de dermatologia me internei em casa com duas amigas durante uma semana e comíamos 1 pote de Nutella por dia! Sendo que uma estava de promessa e não podia comer chocolate, e a outra é decedente de japoneses- então é uma mocinha mais comportada- adivinha quem comia quase sozinha o potinho...
E agora, nessa fase foodie, tratei de provar os chocolates que são considerados os melhores do mundo: Amedei, Michel Cluziel, Valrhona, Pralus, Pierre Marcolini... Valem a pena!!!!!!
Viva o chocolate!

Cookie aos 4 chocolates
1 xic farinha de trigo
1/2 xic cacau em pó
1/2 col chá bicarbonato de sódio
1/2 col chá sal (de preferencia flor de sal)
100g manteiga
1 1/2 col sopa Nutella
80g chocolate ao leite picado
1 col chá extrato baunilha
2 ovos
1 1/4 xic açúcar
140g choc meio amargo picado

Derreta a manteiga com o chocolate ao leite e a Nutella em fogo brando (cuidado para não queimar o chocolate!). Retire do fogo e deixe chegar a T ambiente. Adicione a baunilha.
Num recipiente junte a farinha, o bicarbonato, o sal e o chocolate em pó.
Bata na batedeira o creme de chocolate e manteiga, os ovos e o açúcar em velocidade média até misturar tudo. Reduza a velocidade e vá adicionando aos poucos a farinha com o chocolate. Por fim adicione o choc meio amargo picado.
Forre a assadeira com papel manteiga. Coloque cerca de 2 col sopa para formar cada biscoito, deixando um espaço de cerca de 2 cm entre eles. Leve ao forno médio por cerca de 15 min (até que a superfície esteja "rachada"). Retire do forno (eles vão estar ainda um pouco moles, assim ao esfriarem ficarão com a consistência certa) e retire os biscoitos com cuidado do papel manteiga ainda mornos (não quentes!). Deixe esfriar numa grade propria para biscoitos.
*rende cerca de 20 cookies grandes

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Top 5: livros para iniciantes

Eu simplesmente A-M-O livros...! Quer me deixar feliz? Me leva pra passear numa livraria.
Aqui em São Paulo existia uma livraria maravilhosa na rua da Consolação com a Oscar Freire chamada Mille Foglie. A casa era o máximo: a fachada era uma parede de cobre que lembrava aquelas panelas lindas... Lá dentro, o melhor: livros e mais livros de culinária- SÓ culinária!!!!! Os clientes eram atendidos ou pela dona- que era fanática por (livros de) culinária e sabia todos os títulos que haviam ali ou por um staff igualmente bem informado gastronomicamente. Além da livraria ser linda, tinha um café super charmosinho, onde eu sempre comia a mesma coisa: um cookie gigante que derretia na boca e um smoothie de goiaba... Ai, que delícia!! Tinha também um pomarzinho e um espaço pra fazer cursos. A livraria era muito perto do Hospital das Clínicas e abriu quando eu estava no começo da minha residência. Ia lá quase toda semana. Ficava namorando os livros, comendo meu cookie e quando saía meu (mísero) salário, me dava um presente. Como eu amava aquele lugar... Era realmente especial. Fiquei arrasada quando fecharam- provavelmente por falta de público na época- hj acho que a livraria seria um super sucesso. E sinceramente até hoje nunca achei uma livraria de gastronomia tão charmosa... A Kitchen Arts & Letter em NY, que é uma das maiores do mundo é super muvucada, os livros não ficam expostos de uma maneira convidativa... Foi super decepcionante pra mim... Agora, quando eu penso em uma livraria que gosto de me "perder" na área culinária, é a Fnac de Paris do Les Halles- são inúmeras (mesmo!) prateleiras e eu simplesmente pego um monte de livros, sento no chão na maior cara de pau e me deleito por horas a fio...
Imagina o tamanho da minha biblioteca culinária...! São muitos livros... Devo ter no mínimo uns 150 livros dos mais variados assuntos, que ficam espalhados em vários ambientes da casa- E do consultório. Agora, fazendo um projeto pra casa nova, quero ver se acho um lugar na cozinha para exibí-los com toda a dignidade que possuem...! E por causa desse caso de amor de tanto tempo, pensei em fazer uma lista com meus livros prediletos. Como a maioria dos meus leitores e amigos estão iniciando sua aventura culinária, quis começar por uma lista de livros "básicos".
Eis os meus escolhidos:
- ON COOKING: a textbook of culinary fundamentals (ed. Prentice Hall)
É um livro muito legal que ensina história da culinária, identificação e uso de equipamentos e utensílios, técnicas básicas (molhos e caldos), cortes e preparo de legumes e carnes, além de várias receitas. O livro é muito bem escrito e, de todos os que tenho nesse molde, o mais didático. Não é difícil de achar, comprei na livraria cultura.
- ÉPATEZ VOS AMIS (ed. Mango)
O mais bacana desse livro é que ele apresenta diversos menus de entrada, prato principal e sobremesa realmente para impressionar os amigos. As receitas porém são fáceis e o livro traz várias fotos do passo-a-passo além de truques culinários. Esse comprei em Paris, mas deve dar pra encomendar na cultura ou vcs podem comprar pela fnac.fr que eles entregam no Brasil
-SÉRIE COZINHA PASSO A PASSO (ed. Larousse)
Essa série é fantástica para os debutantes: os livros daqui de casa foram todos presentes para o meu marido quando ele resolveu iniciar suas aventuras pela cozinha- e não fez feio nenhuma vez!!!!! As receitas são bem fáceis de seguir e todas vem com fotos do preparo. Na França existem mais de 10 títulos, aqui no Brasil já temos 6. Os que indico são:
- PRATOS BÁSICOS: ensina molhos básicos, massas e risotos, carnes, peixes, legumes e sobremesas. Comprei o nosso na França e o G. usava o tradutor Google pra conseguir fazer as receitas (fofo!)- a primeira dele: um soufflé de queijo maravilhoso!
- COZINHA ITALIANA: dispensa apresentações...! Pratos clássicos e fáceis! O nosso compramos numa mini livraria em Siena, na Toscana... (mas todos os livros de culinária que comprei lá eram em inglês). Tudo de bom!
- CONFEITARIA: para os momentos de TPM e afins! Tem de tudo: caldas, bolos, tortas, biscoitinhos... hummmmmm!!!!

Boa leitura!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Falso ravioli de beterraba

Prometi a uma amiga que postaria uma receita vegetariana essa semana. Confesso que sou quase uma anti-veggie: adoro os politicamente incorretos foie gras, vitela, entre outros. Acredito mais no respeito à comida, respeito em como se preparar, não desperdiçar...seja um brócolis, seja um coelhinho. Por isso sou adepta à "nose-to-tail-eating": adoro timo, cérebro, rim... Mas deixemos as discussões inflamadas para uma fase mais madura desse blog. Pois bem. Sou uma cozinheira de criatividade e inspiração. Apesar de ter muitos (mas muitos mesmo!) livros de culinária, dificilmente sigo uma receita (principalmente salgadas). Os livros e programas servem muito mais como fontes de inspiração. Talvez por isso não gosto de ter que cozinhar com restrições alimentares. Mas, como a vida adora nos pregar peças, meu marido é "b-restritivo". Freud talvez explique porque meu blog se chame lado b, mas o fato é que G. detesta comidas com b: beringela, beterraba, bacalhau, "bobrinha"... E apesar de eu adorar todos , bem, é o marido, né... e esses ingredientes dificilmente entram na minha casa. Até que um dia tive uma inspiração ao ver um programa que eu adoro: Iron Chef America. Nesse programa (que é a versão americana de um programa japonês hiláaaario) um chef famoso dos EUA desafia um dos Iron Chefs (entre eles o impagável italiano Mario Batali) a produzir cerca de 6 pratos diferentes com base no mesmo ingrediente. Nesse episódio, o Iron Chef Bobby Flay (especialista em culinária soul americana) era desafiado por Laurent Tourondel na "batalha" queijo de cabra. Tourondel tem vários restaurantes nos EUA, e um simplesmente d-i-v-i-n-o em NY, bem no Rockfeller Center, chamado Brasserie Ruhlmann, onde comemos o melhor coelho e o melhor cordeiro da vida! Pra todos os amigos e pacientes que recomendo, todos ficam encantados! Nesse programa, Tourondel fatiava as beterrabas e as recheava com queijo de cabra, depois assava e servia com um molho. Na hora, pensei: hmmm, se eu primeiro assar longamente essa beterraba pra que ela fique um pouco tostadinha, quase um chip, mas ainda moldável e docinha, com menos característica terrosa e se recheasse de um queijo mais delicado e untuoso... tipo uma burrata, que é uma mussarela de búfala tão cremosa por dentro que é quase um petit gateau de búfala! Pronto! Prato criado! Esse prato é muito simples, mas é muito, muito saboroso e elegante, com sabores frescos e puros- é realmente muito bom, tanto que até o marido aprovou e me pede pra repetir!

Falso Ravioli de Beterraba

3 beterrabas médias
2 burratas médias ou 1 grande
sal, pimenta do reino
azeite
raspas de limão siciliano

Fatie finamente as beterrabas. Será mais fácil se vc usar um mandolin (utensílio culinário usado para fatiar legumes e frutas em diversas espessuras e tiras), mas pode também usar um desses fatiadores de legumes japoneses que se vende em qualquer lojinha oriental. Coloque as rodelas lado a lado numa assadeira, regue com azeite e salpique sal e pimenta do reino. Asse em forno médio pré-aquecido por uns 20min ou até que ao espetar com um palito, a beterraba já esteja cozida (o tempo de cozimento varia muito conforme o forno). Aumente o forno para temperatura alta por uns 3-5 min para que a borda da fatia fique um pouco tostadinha. Retire do forno, deixe amornar. Coloque um pedaço de burrata (1 col chá) no centra de uma rodela e cubra com outa rodela, apertando as beiradas para ""moldar" os raviolis. Regue com azeite oliva, raspinhas de limão siciliano e pimenta do reino moída na hora.
Bon appétit!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O maravilhoso mundo das lentilhas

É incrível como depois de virar um aficcionado por gastronomia (pra não dizer fresco e metido) as coisas não são mais tão simples como costumavam ser. Você come uma tortinha em qualquer boulangerie em Paris e aquela massa é simplesmente maravilhosa, e por mais que você tenha a melhor receita não sai igual... Por que? Oras, porque simplesmente lá farinha não é simplesmente farinha... nem manteiga... nem creme. Tudo tem um subtipo. Tem a farinha específica para doces, outra para pães. Tem a manteiga com maior ou menor conteúdo de água, o creme com diferenças no teor de gordura... E isso faz a total diferença.
Acho que a vez que fiquei mais chocada com essa diversidade de produtos outrora "genéricos"para mim foi quando estava rodando pelo Farmer's Market de São Francisco e me deparei com uma banca de tâmaras. Sim, porque não era um cantinho, mas uma banca inteira com mais de dez tipos diferentes das frutinhas. Tinha tâmara comprida e fina, redonda e gordinha, marrom, roxa (!), amarelo clarinha, uma metada branca metade marrom, umas mais secas e enrugadas, outras lisas e suculentas... E eu pensando: mas tâmara não é... enfim, apenas tâmara??? E eu saí de lá que nem criança em loja de doce: com um pacotinho sortido. E posso dizer: cada uma tinha a sua peculiaridade...
E assim também ocorre com as lentilhas. Se engana aquele que pensa que lentilha é sinônimo daquele grãozinho cor de... bem, digamos, um cáqui foncé, que perde sua forma durante o cozimento e fica um prato não tão apetitoso de se ver. Não, amigos. As lentilhas, esses grãos que foram um dos primeiros produtos alimentícios a ser dominado pelos homens, que têm menção na bíblia e são importantes em tantas culturas (indiana, judaica e até italiana- de onde vem a nossa tradição de servi-la no ano novo) podem ter muitas cores, tamanhos e texturas. Podem ser brancas e macias, muito pequenas e amarelas (a chamada "Petite Golden"), marrons com sabor de castanhas (como a espanhola Pardina), vermelha e cremosa- a "Petite Crimson" entre muitas outras. Meu primeiro contato com essas lentilhas "gourmets"(assim chamos as que não são as lentilhas genéricas) foi também a primeira vez que comi foie gras de verdade. Ali, sob aquele bifinho de manteiga tostadinho e rosado por dentro (ai, que delícia!), jazia uma caminha de pequenas pérolas verde escuras, de sabor delicado e terroso e de consistência al dente: voilà! Acabara de conhecer as famosas lentilhas francesas du Puy. Espetacular. E assim começou a minha jornada pelo maravilhoso mundo desses grãozinhos...

Para essa receita, do almoço de ontem- bem saudável para as grávidas e super fácil e rápido de fazer, usei as lentilhas pretas Beluga- que têm esse nome por se assemelharem ao caviar Beluga...(très chic!) Os grãos são bem pequenos e não dissolvem no cozimento, seu sabor é mais pronunciado e lembra nozes...

Salmão com creme de alcachofra e salada de lentilha
2 pedaços de salmão com cerca de 100g cada um
1/4 xic vinho branco
sal e pimenta do reino
2 fundos de alcachofra
1 colher de sopa cheia de creme de ricota
1/2 colher de chá de suco de limão
1 xic de lentilhas (de preferências as mais firmes como Puy, Beluga)
1 folha de louro
2 dentes de alho
1 xic tomates sweet grape ou cereja
azeite + vinagre balsâmico
salsinha

Coloque a lentilha numa panela com o louro, o alho e cubra com água fria. Leve ao fogo. Após ferver cozinhe por cerca de 30 min até que fique al dente (se a água secar, acrescente mais água quente). Retire do fogo - se ainda houver líquido do cozimento, escorra. Deixe esfriar e tempere com o azeite, o balsâmico (fica maravilhoso com lentilhas!) e ajuste sal e pimenta. Adicione os tomatinhos picados em quatro e a salsinha.
Tempere o salmão com o vinho branco, o sal e a pimenta e coloque numa frigideira bem quente com um fio de azeite. Doure todas as superfícies.
Faça o creme: bata num processador as alcachofras, o creme de ricota e o suco de limão. Ajuste sal e pimenta.
Sirva o salmão com o creme e a salada fria.
* rende 2 porções

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Financier de avelã, chocolate branco e cerejas

Pra começar o blog... bolinhos...! Nada melhor que uma tarde chuvosa (o que digamos, aqui em Sampa essa semana é o que mais tem acontecido), de preguiça com um bom bolinho com um chá para confortar a alma...
Cresci no meio de doces e bolinhos. Minha mãe sempre gostou de cozinhar, principalmente doces. Quando eu era pequena lembro da minha mãe vendendo biscoitos para as amigas do balé - o meu preferido, o biscoitinho Luzia, é o que hoje se conhece por palha italiana... Comia todas as sobras e torcia para que sobrasse um pacotinho... Hoje, tenho a minha versão gourmet do doce, que um dia postarei... Na minha adolescência, minha mãe resolveu seguir a veia culinária e virou doceira - fornecia doces americanos a vários estabelecimentos do Rio. Foi uma das primeiras a introduzir cheesecake e torta de pecã aos cariocas - e digo mais: não existe cheesecake ou torta de pecã melhores que os da minha mãe! Quem já comeu, assina em baixo! Então, nada mais natural de começar as minhas aventuras pelo mundo dos doces... Hoje confesso que gosto mais da liberdade da cozinha salgada, mas nada agrada mais os olhos que um lindo docinho...
Essa receita tirei de um dos meus livros prediletos de bolinhos: Little Café Cakes - são todos lindos e gostosos! Servi com mascarpone com compota de cerejas e tomilho do Joel Durand que comprei in loco em Saint-Rémy de Provence ano passado. Para acompanhar um chá de panacota de ruibarbo- simplesmente maravilhoso!
A foto vintage é do aplicativo do iphone4 do Gui- linda! (mas preciso ressucitar minha nikon SLR!)

Financier de avelã, chocolate branco e cerejas
100g manteiga sem sal
100g chocolate branco finamente picado
1 xic avelã triturada
1 1/2 xic açúcar confeiteiro
1/2 xic farinha de trigo
2 col chá extrato baunilha
6 claras em neve
16 cerejas frescas

-derreter a manteiga com o chocolate
-acrescente os ingredientes secos com uma espátula ao creme de chocolate
-adicione a baunilha
-adicione as claras em neve (picos não muito firmes)
-distribua a massa nas forminhas untadas com manteiga
-coloque 1 cereja no centro de cada forminha
-leve ao forno pré-aquecido (200graus) por cerca de 20-30 minutos -os bolinhos devem ficar dourados
-espere 5-10 minutos antes de desenformar
*rende 16 mini bolinhos

Até que enfim...!

Sempre tive vontade de fazer alguma coisa para divulgar a minha paixão pela culinária. A princípio pensei em escrever um livro - e teria esse título mesmo: lado b. Porque sempre pensei que, se um dia largasse a medicina, seria cozinheira... A idéia (perdoe a ortografia, mas eu sou antiquada mesmo...) do livro ainda está aqui em algum lugar. Mas hoje, nesse mundo cibernético...um blog! Aqui vou postar as minhas criações, falar dos meus programas de culinária, livros, restaurantes.... Tudo o que vier à cabeça se o assunto for comida. E no meu ritmo, no meu tempo. Agora que estou grávida, os pratos salgados têm que seguir uma linha mais saudável, mas de vez em quando vou postar umas criações antigas, quando eu podia usar manteiga, creme e afins sem ficar com (muita) dor na consciência... E os docinhos, é claro!
Aproveitem!!!