Pra mim não é parrilla, nem empanadas, nem alfajores nem vinho Malbec. A maior lembrança gustativa que eu tenho de Buenos Aires é o sorvete de dulche de leche granizado da sorveteria Freddo que tem várias filiais espalhadas pela cidade. Esse sorvete, muito cremoso, de doce de leite bem escuro, com pedaços generosos de chocolate amargo é simplesmente uma perdição. Desde a primeira vez que provei, na minha primeira viagem à terra dos hermanos com a minha mãe que a história se repete: todos os dias em Buenos significam mãos melecadas de sorvete passeando pelo Puerto Madero. Só na minha última viagem é que descobri a loja do Patio Bulrich que serve tudo muito lindo, incluindo a fofice de uma mini bolinha para acompanhar o café.
Qual não foi a minha surpresa ao ler que a sorveteria está chegando à São Paulo! Como a loja está programada para abrir em março e não posso esperar até lá, porque claro, só de ler a matéria já fiquei com desejo, pensei em inventar minha própria versão do tal sabor. Como estou começando a planejar o menu do meu chá de bebê pensei: por que não brigadeiros? Claro! Nenhuma festa de criança é festa sem brigadeiros! Mesmo que a criança ainda esteja dentro da barriga da mãe!
Brigadeiro é mesmo uma maravilha...! Minha vó mora em Manaus, e desde que era pequenininha, com menos de 5 anos, ia passar minhas férias com ela. Lembro que quando o avião estava para pousar e o comandante falava "Bem vindos ao aeroporto Brigadeiro Eduardo Gomes" eu achava aquilo muito engraçado- um aeroporto com nome de brigadeiro- isso é que era recepção! Mas a verdade é que o nosso doce nacional ganhou seu nome a partir do tal Brigadeiro, que concorreu às eleições presidenciais no fim da década de quarenta. Bem na época do pós guerra, quando o leite condensado foi inventado como forma de estocar leite açucarado. Ao invés de santinhos, as mocinhas das campanhas distribuíam os tais docinhos nas festas eleitorais. Aquelas moças é que sabiam das coisas- muito mais ecologicamente correto! Assim, até eu ia ser engajada politicamente! Até hoje, não consigo levar o título "Brigadeiro" à sério. O pai do meu padrasto era um, e eu olhava praquele senhorzinho e pensava: que velhinho fofo- também, com esse nome...
E assim nasceu a vontade de fazer brigadeiros diferentes para a minha festinha. Esse foi o primeiro teste- precisava saber se ia pegar o "ponto" de enrolar. Outros serão testados ao longo desses dias: de pêra (claro!), de rosas, de chocolate branco caramelado com oreo... Aguardem!
Brigadeiro de doce de leite com chocolate meio amargo
1 pote de cerca de 300g doce de leite (a marca que eu mais gosto é a argentina La Salamandra, que compro no Emporio Diniz ou na Central do Sabor- ele é cremoso, bem escuro e não muito doce)
1 col sopa rasa manteiga
1 gema peneirada
1/4 xic chocolate meio amargo cortado em pequenos pedaços (eu uso a 65%)
raspas de choc meio amargo para decorar (eu uso um chocolate que já vem em micro pedacinhos da marca francesa Callebaut que compro na Central do Sabor)
Coloque numa panela o doce de leite, a manteiga e a gema. Cozinhe em fogo baixo até a massa começar a borbular, aumente o fogo um pouco (um pouco abaixo de fogo médio) e mexa até que que a massa se solte das laterais da penela. Despeje o conteúdo num recipiente untado com manteiga e deixe chegar à T ambiente. Coloque o choc picado por cima da massa (não misture porque o choc pode derreter) e leve à geladeira por cerca de 1 hora. Enrole e passe nas raspas de chocolate.
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