sábado, 29 de janeiro de 2011

Maria Antonieta perdeu a cabeça!




Sempre digo que, às vezes, a ignorância é uma bênção. Sim, porque existem algumas delícias na vida que não valem a sabedoria da quantidade gigante de calorias que entram no corpitcho a dentro... Brioche é uma delas. Aquele pão fofinho, amanteigado... Divino! Mas no caso do brioche, temos uma desculpa. Brioche é assunto seríssimo. Brioche é fato histórico! É um ícone da queda da Bastilha! Tanto que o meu primeiro contato com a revolução francesa foi numa revistinha da Turma da Mônica, onde a Magali tinha um sonho em que era Maria Antonieta e proferia a frase célebre: "Se não têm pão, que comam brioches" à turba esfomeada que invadira o palácio de Versailles. Ninguém sabe ao certo se Maria Antonieta falou tal pérola, mas se falou, penso que a rainha perdera a cabeça muito antes de ser guilhotinada. Eu ia querer os brioches só pra mim!!!!!!
Esses travesseirinhos amanteigados, que datam de antes do século XV, também têm controvérsias quanto à sua origem. Alexandre Dumas e sua grande imaginação mosqueteira dizia que o nome brioche se devia ao fato da massa ser inicialmente sovada com queijo da região de Brie. Hoje se sabe que essas delícias foram criadas na Normandia. Essa região ao norte da França, voltada para a Inglaterra, onde fica o belíssimo Mont Saint-Michel é a principal produtora de laticínios do país. E dali, daqueles pastos verdejantes e de suas vaquinhas felizes saem as melhores manteigas, os melhores cremes de leite e frutas deliciosas, além do Camembert- e tudo isso regado a muito Calvados (um destilado de maçã semelhante ao Conhaque). Rouen, sua capital, fica a uma hora de trem de Paris, e será meu destino da próxima vez que for à França.
Então, nada mais justo do que começar minha história na panificação pelos brioches!
Fazer pão em casa é muito divertido. Meu avô paterno era um exímio padeiro. Morava no interior de Minas e sempre que eu chegava para uma temporada de férias sentia aquele aroma incrível de pães, bolos e biscoitos recém assados. Ele então pegava um punhado de erva cidreira da sua hortinha, fazia um chá maravilhoso e eu escolhia a geléia que queria entre as várias que ele fazia (ele também tinha morangos no quintal, e eu achava o máximo: quantos avôs tinham morangos no quintal?????). Bons tempos aqueles... E apesar desse modelo, nunca tinha feito pão antes. E realmente, sentir o cheiro do pão fermentando, botar a mão na massa (literalmente!) , ver a massa crescendo... É muito, muito bacana. O pão é uma alimento tão básico, mas ao mesmo tempo tão fundamental na nossa cultura que o sentimento de realização ao fazer um pão... Dá orgulho! É quase mágico.
E me fez sentir como criança de novo...
Brioche
500g farinha de trigo
50g açúcar cristal ou demerara
15g fermento fresco (de tabletinho) dissolvido em 50ml leite morno (não pode ser quente!!!)
10g de sal marinho ou flor de sal
350g ovos (cerca de 6 ovos grandes)
250g manteiga sem sal cortada em cubos
1 ovo batido com 1 pitada de sal e 2 col sopa leite para pincelar o pão antes de assar.

*Sua vida será muito mais fácil se vc tiver uma batedeira dessas de pé que possuem um gancho para bater massa de pão, mas vc pode fazer tudo à mão também.
Na velocidade média da batedeira, misture a farinha, o sal, o açúcar e os ovos até ficar tudo incorporado. Adicione o fermento dissolvido. Deixe batendo por cerca de 20 minutos, ainda na velocidade média. A massa ficará lisa e brilhante, mas não deve formar uma bola.
* Se estiver fazendo à mão, misture os ingredientes com uma espátula ou com um scrapper (um raspador muito utilizado na confeitaria e panificação) numa tigela. Quando a massa começar a tomar uma forma, despeje sobre a superfície de trabalho não enfarinhada. Comece a trabalhar a massa- num movimento de estica e puxa, levantando doda a massa da superfície, depois colocando de volta, dobrando, esticando... Inicilmente a massa parecerá muito "colante", mas depois começará a se desgrudar facilmente dos dedos e da superfície de trabalho.
Assista um video da técnica de se fazer brioche à mão (está em francês e a receita é um pouco diferente, mas o importante é ver a técnica, as consistências) (parte 1, 2, 3)
Junte os pedaços de manteiga aos poucos e bata (ou trabalhe) a massa até que toda a manteiga esteja incorporada.
Transfira a massa para uma tigela enfarinhada, cubra com pano e deixe a massa descansar à T ambiente até dobrar de volume (cerca de 2 horas).
Retire da tigela e sove levemente, dando socos na massa e abrindo-a com os dedos e depois fechando a massa em 4 (juntando as bordas)- faça isso umas 5x. Devolva para a tigela, cubra com filme plastico e pano e leve à geladeira por 12h (é melhor fazer isso de um dia para o outro!)
No dia seguinte, retire a massa da geladeira e deixe à T ambiente por 1 hora. Molde os brioches- faça 16 bolinhas e arrume 8 bolas em cada forma de pão untada com manteiga. Cubra e deixe descansar até dobrar de volume (cerca de 2 horas). Pincele com o ovo batido e leve ao forno médio por cerca de 40 min (até a superfície estar bem dourada).
*Atenção: o brioche cresce bastante, então não deixe grade do forno em cima da forma, ou isso fará com que a parte de cima do brioche grude e seja "decapitada" na hora de retirar o pão.
*rende 2 brioches grandes


Um comentário:

  1. Gostei de tudo,da história,dos detalhes e, mais ainda de comer esta delícia que é o brioche!Qdo eu era pequena o papai comprava mini brioches numa padaria ,lá no Catete,e eu levava para o meu lanche ,na escolinha.Tb me deu saudades!!!

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